Num dia pequeno nasceu o burrinho
Que se chamava Moreno.
Nasceu como o dia,
Pequeno.
Perninhas curtas, fininhas,
Pra que serviria o Moreno?
Na roça cresceu o burrinho,
No lombo a cangalha, o jacá.
Miudinho era o Moreno.
Milho, madeira, palanque de cerca,
Leite e queijo, roupa suja,
Pinhas, pinhas e mais pinhas,
Carregado ia e vinha.
Esperto e desconfiado,
Tinha lá suas manias.
Maria levava o Moreno,
Moreno levava a Maria.
Maus tratos nas mãos dos outros,
Chingamento e pancadaria,
Só a Maria não batia.
Falava a Maria com ele
E a Maria ele entendia.
Morreu sozinho no mato:
Foi de dor, foi de cansaço?
Foi de noite?
Foi de dia?
Pro céu dos burros se foi,
Lá está a carregar
A lua e as estrelinhas.
Morreu o Moreno, morreu,
O burrinho que sabia.
Grota do Junco. Fevereiro de 2011
22 de fev. de 2011
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