Movendo-se lentamente morro acima,
Pastam a vaca, o cavalo e o boi.
Passam pássaros sobre árvores,
Correm cobras na grama seca.
A cor do pasto amarela,
Patas se arrastam cansadas.
Água lá embaixo tiquinha,
Rio que era sumiu.
O céu tão azul, lindo, lindo,
O sol neste inverno impera.
Fogo no pasto começa,
Fogo na mata se alastra.
Gente correndo, batendo,
Roçando, cortando, suando,
O fogo nos olhos vermelhos,
Cansaço nas pernas,
Feridas as mãos.
Retrato da seca na roça.
Entre Cunha e Viena, setembro de 2010
22 de set. de 2010
11 de set. de 2010
O enterro
O enterro passou atrapalhando o trânsito,
Ave Maria cheia de graça
Três horas da tarde, na hora do jogo.
O senhor é convosco
Parei o meu carro bufando de raiva,
Bendita sois voz entre as mulheres
Pensando na perda de muitos minutos.
Bendito o fruto do vosso ventre
Olhei o cortejo descendo a avenida,
Jesus!
Caixão estreitinho, coroa barata.
Santa Maria mãe de Deus
Seguindo a pé um miúdo de gente,
Rogai por nós pecadoras
Solenes sapatos raspando o asfalto.
Agora e na hora da nossa morte
Sem pompas, sem glórias, travando o caminho.
Amen!
E eu apressada!
E eu apressada.
Cunha, fevereiro de 2010
Ave Maria cheia de graça
Três horas da tarde, na hora do jogo.
O senhor é convosco
Parei o meu carro bufando de raiva,
Bendita sois voz entre as mulheres
Pensando na perda de muitos minutos.
Bendito o fruto do vosso ventre
Olhei o cortejo descendo a avenida,
Jesus!
Caixão estreitinho, coroa barata.
Santa Maria mãe de Deus
Seguindo a pé um miúdo de gente,
Rogai por nós pecadoras
Solenes sapatos raspando o asfalto.
Agora e na hora da nossa morte
Sem pompas, sem glórias, travando o caminho.
Amen!
E eu apressada!
E eu apressada.
Cunha, fevereiro de 2010
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