Sem braço
A velhinha de branco caminha na praça
E só tem um braço.
Onde o outro seria, esvoaça a manga da blusa,
Despregada.
A ausência do braço deu à velhinha
Um andarzinho torto, envergado.
Anda tortinha a velhinha, olhando para o lado,
Como se estivesse à procura
Do braço cortado.
A praça encosta-se à porta da igreja
E ali fica, à espera de quem passa.
No céu, onde o sol seria,
Voam nuvens escuras, carregadas.
A manga leve e vazia,
Passinhos miúdos, olhar de cansaço,
Atravessa a praça a velhinha
Que ainda tem o outro braço.
Cunha, novembro 2009
18 de dez. de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário